Aí vai a segunda parte do meu livro:
Eu já sabia disso, todos nós já sabíamos. Mas não tinha provado, e não queria fazer desse jeito.
Enfim, o caso é que eu tenho que derrotar meu pai, minha única família no momento. Eu ainda tenho muito que aprender. Sozinha. Quando era menor, não tinha medo de sair na rua, pensava que por ser a pessoa que salvaria o mundo, todos pelo menos gostariam de mim. Tão ingênua! Quando o povo se tocou de que eu precisaria ser mais forte que meu pai, ficaram com medo de eu tomar posse de todas as terras e ser mais malvada ainda que meu criador. Ainda não estou pronta para matar meu pai, nem sei se um dia vou estar. Eu não tenho nem um professor, tudo que sei até hoje foi o que aprendi observando e praticando. Tudo secretamente, se querem saber.
Eu tenho certeza que as pessoas só não me matam por que sabem que acabaria com eles. Sorri, e foi um sorriso de pura maldade, não que eu fosse machucar-los, só se mexerem comigo... Olha, eu realmente não posso evitar esses pensamentos, eu fui criada pra matar – que clichê, mas é verdade .Por uns tempos, eu me deixava levar por esse sentimento automático...
Não que eu tenha matado alguém, por que eu não matei...
Ainda.
Água e óleo
Quando acordei estava acordada e bem disposta, mas com uma fome danada. Saí do hotel, e acenei levemente para o balconista enquanto ia em direção á porta. Fui para o restaurante mais próximo, gostei dele, muito pouco movimentado. E bem acabado, mas tudo por aqui estava. Esta cidade tinha se revoltado e achando que se destruindo desse jeito, ia fazer meu pai “perdoa La por sua insignificância”, podia até ser, mas meu pai não perdoa e nem se esquece de nada. Grande droga.
Entrei por uma porta giratória, estava mesmo muito vazio. As moscas ocupavam o maior espaço aqui. Fui até o recepcionista e depois de lutar para entender o que ele estava dizendo com tanta gagueira, fiz meu pedido e sentei a duas mesas de distancia do único trio que havia lá. Ficava dando outra olhada no cardápio. Quer dizer, há quanto tempo eu não comia um Browne? Estava pensando nos prós e contras da decisão quando ouvi uma voz atrás de mim.
- Você não é bem-vinda aqui.
- Eu atropelei o gato de alguém? – falei, já preparada para fazer meu olhar de inocência. Mas percebi surpresa que era o mesmo garoto que saiu do hotel quando eu entrei na noite passada. Antes mesmo de eu terminar de falar ele bateu com o punho na mesa, fazendo derrubar o saleiro e os guardanapos.
- Não se faça de idiota! – ele exclamou. Fiquei observando as coisas esparramadas no chão elas estavam formando uma figura... Qual?
- Você matou pessoas – ele disse
- Eu o quê?
- Você matou pessoas – repetiu, desta vez aproximando o rosto do meu em sinal de provocação. Já estava acostumada com isso também.
- Como pode ter tanta certeza? – perguntei, cerrando os olhos
Ele ficou em silêncio por uns segundos, aparentemente decidindo algo.
- Qual é o seu poder? Ou você tem mais de um?
- Fora a super força e a velocidade, eu tenho a intuição – falei, decidida a dizer a verdade
- Intuição? Quer dizer que você pode ler a mente das pessoas?
- Não – sorri -, apenas sinto quando uma pessoa próxima está com problemas, o que devo fazer em situações difíceis, e se precisar, também posso descobrir coisas básicas sobre a sua vida.
- Pessoas próximas? Quem? O demo? AH, é verdade, o demo é seu pai em pessoa – ele falou com tal maldade que fez meu coração se apertar
- Não sou tão próxima dele – sussurrei
- Você matou sua própria mãe – ele falou com um tanto de nojo na voz
Arfei.
- Eu não a matei! Meu pai a matou!
Silencio de novo.
Então ele se inclinou sobre mim e sussurrou no meu ouvido:
- Prove.
Eu sabia que ia fazer isso antes dele menos sequer pensar. Ele me pegou pela gola da minha blusa e me atirou contra a parede. Com certeza eu podia ter desviado, mas o ataque não me machucaria muito e estava determinada a ganhar pelo menos uma pontinha de confiança.
Suspirei, me levantando e tirando o pó da minha roupa.
- Belo golpe – lhe disse
- Você não viu nada
Essa é a segunda parte, e vocês podem esperar pela terceira e ultima. Eu não posso colocar ele inteiro pois é muito grande.
Xoxo, Gee